quarta-feira, 29 de junho de 2011

Utilidade pública: os Torresmos do Mocotó

Acho que não comentei da origem do pseudônimo "Dom Torresmo". Pois bem, a inspiração é um pouco machadiana, do capítulo primeiro de Dom Casmurro. Quis também eu "meter fumos de fidalgo" a um item tão caro à "baixa" gastronomia.
Pois bem. Demorei um bom tempo pra ir no Mocotó pela primeira vez. Já tinha lido muito em diversos Blogs, e as primeiras visitas já relatei aqui. Mas nesse começo, um dos meus desejos e decepções foi o torresminho, atentado que fui por Neide. O torresminho estava bom, mas não era nada de diferente de outros torresmos por ai, não tinha o carnoso que estava esperando, era só uma boa pururuca bem feita. E o assunto ficou assim esquecido por outras visitas. Até que Neide falou novamente no dito cujo. As fotos não deixam dúvida, era outro prato diferente do que comi. Então caiu a ficha: da primeira vez pedimos, pra dividir, porção de Torresminho, não foi Torresmo, relacionado por unidade no cardápio.



Torresminho é este que vem na cumbuca, deliciosas pururuquinhas crocantes, mas "normais".





Agora, quem está procurando O Torresmo, ou melhor, Dom Torresmo, estado da arte dessa iguaria, peça uma ou mais unidades do mesmo, que chega à mesa picadinho, como porção também. Esse sim é pra se comer de joelhos.

E salve Rodrigo! Obrigado por essa maravilha!

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Epice

Falta de disciplina pode ser outro nome pra descaso, caso deste espaço abandonado. Mas vamos lá, abanar algumas teias das aranhas que se instalaram por aqui.

Não há como não registrar minha passagem pelo bom restaurante Epice. Muito bem comentado por ai, acabei lá quase que por acidente. Procurando por um bom lugar pra jantar, liguei pouco depois das 21h e qual não foi a surpresa de saber que havia mesas disponíveis pra já. Provavelmente reservas que não chegaram. Sorte minha. Poucos minutos depois lá estava eu. Ambiente moderno, bacana. Escurinho, pequenas velas sobre as poucas mesas do lugar. Apesar de poucas, deu até pra escolher entre 3 mesas, provavelmente 3 casais furões. Acomodados no canto, vamos aos pedidos: Pra começar, o Salmão defumado com ovo 70⁰ e aspargos. Principais: o Magret de Pato com lentilhas e o Porco com grão de bico. Vinho: sugestão do maître: um Villard Cabernet Sauvignon Reserve Expresion 2006. Aliás, sobre o serviço: foram atenciosos desde o telefonema até o final. Mas sem exageros, a tanto a famosa água cortesia deles quanto o vinho ficaram sobre a mesa, pra que eu cuidasse delas. Como eu gosto.

Pois bem, feitos os pedidos, chegam a mesa os pães do couvert. E que pães, pequenos, caseiros e deliciosos. Uma pequeníssima baguete, um pão com pistache, bem gostoso, e meus preferidos, o pão de semolina e o brioche. Que maravilha! Todos os couverts poderiam ser como esse, simples mas delicioso. Pra acompanhar, manteiga, flor de sal e azeite, não mais. E pra que mais.

O Salmão chega. Finíssimo, mais fino que um carpaccio. Defumado na hora com um tipo de pistola, ensinou o maître durante a escolha do prato. Aspargos pequenos, de uma consistência ótima. E o ovo, ah, o ovo, clara molinha, gema dum gelatinoso firme... Ficou todo pra mim, e fez uma combinação bem boa com o salmão.

Os principais: o Magret de Pato chega à mesa rosado, mal passado. Na consistência lembra mais uma picanha que uma ave. Eu gostei bastante, o sabor bem diferente do que esperava, praticamente nada de ave nele. As lentilhas, miúdas e sequinhas caiam bem com o Pato, e uma folha, acho que de repolho, torradinha, adornava e complementava o sabor do prato. E o Porco, ah, como eu gosto do Porco. Sua barriga veio molhadinha, macia, a pele levemente pururucada... Salivando de lembrar. Grãos de bico miúdos e firmes escoltavam bem o Porco. Eu viveria disso fácil fácil. Ainda mais com o vinho, sugestão do maître que caiu muito bem com os pratos. Vinho redondo, muito bom, fácil de beber. Não tenho notas mais detalhadas sobre ele além das lembranças que era muito bom e caiu muito bem com os pratos.

De sobremesa, Morangos. Com calda de balsâmico e Pannacotta e sorbet. Morangos e sorbet levemente ácidos, pannacota enrolada em chocolate branco. O que foi uma pena, porque o chocolate branco escondeu a pannacota, apesar de dar a doçura que equilibrava com o ácido dos demais componentes, eu preferiria a pannacotta com sua suavidade sem máscaras.

E ainda fechando, o café Illy bem tirado. É até comum o comentário que café bem tirado em restaurante é coisa rara. Mas quem o faz, merece a nota e o elogio. Assim, não só pelo café bem tirado, mas pela maravilhosa refeição toda, saúdo ao Epice: Evoé!